segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

Entrevista com o dono do Ditch Wrestling

Os sites do cara acho que todo mundo já conhece. O cara simplismente fez o melhor site pra se baixar luta livre do mundo, principalmente quando se trata de puroresu. Além disso ele é um grande entendedor da luta-livre no geral, e a gente se aproveitou disso pra pedir umas opiniões sobre o estado atual da luta livre. Pra quem não conhece o site dele, o endereço está logo abaixo.

http://ditch.lcwe.com/

4 Cantos do Ringue: Quando foi que você começou a gostar de luta-livre, e mais especificamente puroresu?

Ditch: Eu sou fã de luta livre desde muito jovem, assistia a WWF e caras como Hogan e o Ultimate Warrior. Comecei a gostar de puroresu quando eu vi alguns vídeos e lutas no começo de 2001, então eu comprei várias fitas naquele verão e fiquei viciado. Em 2003 eu já tinha parade de ver a WWE por inteiro, em favor das fitas de puroresu e das coisas que eu peguei online. Hoje eu nem preciso mais de fitas.


4C: O que você acha da nova geração do puroresu? Você acha que os "young lions" da NOAH vão dar conta do recado assim que Misawa, Kobashi e o resto dos veteranos se aposentarem? Se sim, quem você citaria?

D: Eu acho que a nova geração simplismente não é tão boa quanto a última. Na New Japan não existe ninguém do mesmo nível do Hashimoto, Hase e Liger. Os gaijins que vão pra lá também não tem talento. A NOAH tem mais júniors talentosos do que a All Japan jamais teve, mas são os talentos heavyweight que contam mais, e lá tá faltando muito. Morishima pode se tornar muito bom, mas ninguém pode me dizer que Rikio, Marufuji e KENTA (os últimos dois só se tornando heavyweights por necessidade) são tão bons quanto o Taue no seu auge, muito menos Misawa/Kawada/Kobashi. Eles não sabem fazer uma luta simples porém intensa. A nova geração sofre de certos obstáculos, como não ter o talendo de Giant Baba como booker ou ter seus shows no horário nobre da TV*, mas isso não muda o fato de que eles tem fraquezas.


4C: Como você ve a Yukes no controle da NJPW? Você vê a criação das brands Lock-Up e WrestleLand como um jeito de deixar a federação mais parecida com a WWE (RAW/SD!)?

D: A relação entre a Yukes e a New Japan é engraçada. A Yukes precisa da New Japan por causa do jogo de puroresu deles, Wrestle Kingdom, que foi promovido intensamente no show do Tokyo Dome. Se a Yukes acabar perdendo dinheiro com a NJPW e decidir vendê-la, a NJPW pode encolher ou falir, afetando o videogame. Eu acho que a Yukes é muito melhor como apoio financeiro do que Inoki e seus amigos, mas não é leal a longo prazo. Eu não acho que as duas novas 'brands' chegarão a lugar algum.


4C: Você acha que a geração atual de americanos que vão lutar no Japão - como Jamal (Umaga), Giant Bernard (Albert), Terkay, etc - reflete que o gosto dos japoneses está mudando, ou é só uma péssima jogada comercial de algumas companhias japonesas?

D: Os japoneses tentam pegar os melhores gaijins heavyweights possíveis. Caras como o Norton e o Bernard não são populares nos EUA mas são efetivos no Japão.


4C: Simon Inoki recentemente visitou os escritórios da WWE, e as relações entre ela e a NJPW se fortaleceram. O que você tem a dizer dos rumores (gerweck.net) de uma possivel luta entre Batista e Hiroshi Tanahashi no show do dia 18 de fevereiro, no Tokyo Ryogoku?

D: Eu ficaria chocado se a WWE deixasse a NJPW usar o Batista, mesmo que por uma enorme quantia em dinheiro. Se o Batista ganhasse isso implicaria nele ter que aparecer várias vezes lá pra defender o título, e eu duvido que a WWE o deixaria perder, já que ele é um dos principais lutadores de lá. A New Japan mencionou a possibilidade de Benoit e Eddie Guerrero no G1-Climax de 2005 e não passaram de rumores. As federações japonesas falam muito e fazem pouco, muito mais do que feds grandes de outros países.


4C: O que você acha do estado atual da luta livre, no geral? Você acha que se pode estabelecer uma relação entre as estrelas de hoje com os ídolos do passado?

D: A luta-livre profissional sempre esteve fadada a diminuir depois que "kayfabe morreu"**. O aumento da popularidade do MMA só contribui pra isso. A luta-livre não desaparecerá, mas nunca voltará pra onde estava há alguns anos atrás.


4C: Você já viu alguma coisa da luta-livre brasileira? Se sim, o que você achou?

D: Eu nem sabia que existia luta-livre no Brasil além de lutadores de MMA como os Gracie.


4C: Como você vê o crescimento da luta-livre independente através do mundo, e o que você acha dela no geral?

D: Eu acho que as indies têm bastante exposição online mas provavelmente não serão mainstream. Uma companhia como a ROH nunca conseguirá um grande contrato pra TV, mas consegue sobreviver no estado em que se encontra. A maioria das outras indies é ou muito pequena, ou muito instável.


4C: Quais são as diferenças entre as cenas do wrestling independente no Japão e nos EUA?

D: No Japão, até a mais obscura das indies tem duas coisas: a chance de conseguir exposição na TV, no Samurai TV, e o fato de que é incrivelmente fácil atrair centenas de fãs em Tokyo para seus shows. A população americana é muito mais dispersa e maior, então é difícil pras federações chegar à televisão de nível nacional. Apesar de mais dinheiro ser gasto no wrestling americano, as federações tem mais dificuldade de prosperar.


4C: O que você acha da WWE recorrendo a lutadores da cena indy, como London e Kendrick, CM Punk um pouco depois e agora Claudio Castagnoli, que foi demitido antes mesmo de pisar no ringue?

D: WWE vem tirando estrelas das feds indies desde quando ela começou. John Cena lutou por anos em indies da California antes de estrear na TV. O Vince McMahon considera o potencial do lutador em fazer dinheiro, e não o lugar aonde eles começaram. Nem sempre ele faz um bom trabalho em estimar o potencial dos lutadores, contratando o Khali e não Samoa Joe, por exemplo. Mesmo assim ele faz um trabalho bom o suficiente pra que a WWE sempre tenha novas estrelas quando as velhas precisam sair.


4C: Essa pode parecer uma pergunta óbvia mas temos que perguntar. O que você acha da nova ECW?

D: A nova ECW estava fadada ao fracasso desde o início, com Big Show e Angle como duas das três estrelas principais. Vince simplismente queria explorar os velhos fãs da ECW e usá-los pra conseguir ainda mais tempo na TV. E ele conseguiu.



* A maior parte dos shows de puroresu começa depois da meia noite no horário da TV japonesa.

** Kayfabe é um termo que se refere à toda mágica por trás da luta, aos personagens, storylines, etc. Antigamente existia muito mais seriedade em se manter acontecimentos "reais" em segredo e em fazer a luta-livre da forma mais acreditável possível. Não se falava em "angles", "storylines" ou "spoilers", a luta-livre era encarada de forma diferente. Não é que se acreditava que a luve-livre não era combinada, e sim que isso não era admtido pelas companhias. Ao longo do tempo certos eventos contribuiram pra que isso fosse se perdendo, como o livro "Kayfabe", escrito por Satoru Sayama, o Tiger Mask I, que revelava segredos da luta japonesa; a morte de Owen Hart em que JR precisou dizer que "aquilo não era um 'angle', não era uma 'storyline'...", etc. Não existe uma data certa, foi um processo gradual. Mas o que mais contribuiu pra isso foi a internet. Com ela hoje se fala abertamente em storylines e consegue se ver muito mais do mundo backstage do pro-wrestling, o que não era possível antes.

1 Comentários:

At 10:41 PM, janeiro 08, 2007, Anonymous Anônimo disse...

Mto boa a entrevista...

parabens...

alguns assuntos fiquei meio boiando mas deu pra ver q o problema da WWE é reconhecido por fanz de luta de verdade ao redor do mundo inteiro.. hehe

 

Postar um comentário

<< Home